terça-feira, 2 de junho de 2015

SEMINÁRIO REGIONAL

Nordeste, 60 anos depois: mudanças e permanências 




Nos dias 27 a 29 de maio, a Arquidiocese de Natal promoveu o Seminário Regional no qual avaliava os 60 anos do Nordeste: mudanças e permanências. 

O 1º Seminário, ou melhor dizendo, o 1º encontro do Episcopado Nordestino, aconteceu em 1956, em Campina Grande - PB, o evento foi articulado e organizado pelo então Arcebispo Auxiliar do Rio de Janeiro D. Helder Câmara, secretário geral da recém-criada CNBB. O evento mobilizou o poder público e a sociedade civil da época, chamando atenção da Nação para a grave situação do nordeste, em vista de ações concretas para a superação da pobreza extrema e das profundas desigualdades regionais.  

O Seminário Regional objetivou preparar um conjunto de atividades envolvendo diversos e diferentes segmentos da sociedade nordestina para analisar com profundidade as transformações no Nordeste, levando em consideração as dimensões político-institucional, social, econômica, ambiental e cultural do desenvolvimento. 

O evento contou com a participação de várias entidades universitárias, sociais, políticas, religiosas, entre outras. 

O Seminário contou ainda com a participação da Ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS)  - Tereza Campello, e o Ministro da Integração Nacional -  Gilberto Occhi, o Governador do RN - Robinson Faria e outras autoridades presentes. 
  
 



A Ministra fez um balanço das ações e dos programas do MDS, e atentou para o impacto dos mesmos para o nordeste e suas famílias. Já o Ministro Gilberto Occhi apresentou o avanço nas obras da transposição do Rio São Francisco, e ainda, ressaltou o compromisso do Governo Federal para com outras obras em parceria com o Governo do RN, como a barragem de Oiticica que também está recebendo recursos do ministério.  

Destacamos ainda e, principalmente, a palestra da Profª. Drª. Tânia Bacelar - UFPE/CEPLAN, que explanou as mudanças e as permanências nesses 60 anos do Nordeste. Alguns pontos apontados por Tânia Bacelar foram "apontamentos próprios", o conteúdo na integra ainda será liberado pela Arquidiocese. Vejamos,


Mudanças:
- redução do peso relativo agropecuário na economia regional (êxodo rural, devido a industrialização; queda do algodão; perda do domínio do setor  sucroalcooleira)
- mudança na estrutura produtiva (fortalecimento da indústria)
- dinamismo do agronegócio ( dinamismo de bases produtivas de pequeno porte)
- avanço na produção agropecuária de base familiar, principalmente a agroecológica
- consolidação de APLS
- ampliação das ciências, tecnologias e inovação ( como exemplo a ampliação do IFRN no estado)
- mudanças na base da infraestrutura (oferta de energia elétrica; ampliação e/ou consolidação de importantes projetos rodoviários, ferroviários, etc.)
- mudanças na dinâmica demográfica (queda da natalidade; aumento da média de vida; crescente urbanização com forte dinamismo das grandes metrópoles e das cidades medias; redução significativa da emigração para fora da região, com aumento da migração intra-regional)
- mudanças no quadro social (aumento de renda e redução da pobreza extrema; melhora dos indicadores sociais; melhoria da escolaridade média, com avanços do ensino superior; mudança no mercado de trabalho com redução da informalidade; aumento da violência, principalmente, nas áreas urbanas; geração dos jovens "nem nem")
- mudanças no quadro ambiental (influência políticas regional explicita; reconcentração da receita pública no Governo Federal - prevaleram as políticas regionais)
- ambiente cultural (presença das mulheres nos espaços públicos e elevação do padrão educacional; crescente de padrões e valores de vida urbana, e desvalorização da vida rural; avanço do potencialismo e consequente valorização do individualismo, coincidindo com o momento de acesso ao consumo das camadas populares da população; ativismo social da Igreja Católica). 

Permanências:
- não mudou a economia 
- renda mensal muito baixa
- pobreza reduzida, porém, ainda é muito significativa no NE
- permanência do analfabetismo, principalmente, no meio rural
- carência de infraestrutura social e manutenção da concentração fundiária
- permanência da imagem destorcida do NE no resto do Brasil (um Nordeste formado pelas oligarquias; fruticultura irrigada; turismo).

















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